23 de novembro de 2013


"Procuramos instintivamente, todos os dias, do nascer ao pôr do sol, por aquilo que nem sabemos direito o que é. Nos ensinam em casa, na escola, nas aulas de educação física, química, nas aulas da vida, que devemos viver em busca da felicidade, mesmo sem saber direito que rosto ela tem, por que nome atende, se fica depois do arco-íris ou se mora embaixo da cama junto com o bicho-papão.

Enfiam nas nossas goelas abaixo, por todas vinte e quatro eternas horas dos dias, desejos e sonhos de consumo, amores perfeitos, vidas como contos de fada e músicas para enganar o estômago. Sempre jeitos novos de dizer a mesma coisa: busque a felicidade.

Talvez fosse muito mais fácil viver com o texto todo ensaiado, sabendo direitinho o que dizer, onde estar, com quem, como, quando e por que. Uma vida roteirizada, uma trama bem feita, bem escrita, com uma trilha sonora incrível. Sabendo que choraríamos quando fosse preciso emoção, e sorriríamos escancaradamente quando as dores passassem. Uma vida novela das oito, que começa as nove, e dura Deus sabe lá quanto tempo.

Se a vida fosse programada, já nasceríamos sabendo quem amar, se viveríamos sempre na mesma cidade, se teríamos filhos, se nosso primeiro beijo seria aos 15, 16, 17, 35, ou até mais cedo. Saberíamos também que o primeiro amor partiria nosso coração em mil pedaços, e os demais transformariam ele até o final das nossas vidas numa partícula ainda menor que o átomo.

Desconfio que a melhor parte da vida de uma pessoa, são as surpresas que aparecem no caminho. Um olhar, um gesto, um sorriso novo. Coisas pequenas que atravessam os nossos destinos todos os dias, para dizer que nossa vida pode seguir por um caminho diferente. Alguma coisa que mostre que ir em frente é uma obrigação pessoal e intransferível.

Suponho quase que intimamente, que todas as dificuldades que a vida nos impõe são só provas de resistência, testes e ensinamentos para que possamos lidar bem com a gente mesmo e com tudo de melhor que ela nos preparou.

Nesse processo de transformação diária, a maior luta que podemos travar é pra tentar assimilar as imposições do destino e, de alguma forma, manter a alma pura, limpa, ou algo que se aproxime muito da nossa essência. Coisa que volta e meia pensamos em deixar de lado para conseguir (sobre)viver.

Então, meu amigo, confesso que tenho tentado nos dias que se seguem, fazer de tudo para me tornar melhor e mais feliz do que sou, mesmo sem saber direito o que isso significa. Tenho entendido que procuro instintivamente, todos os dias, do nascer ao pôr do sol, por aquilo que nem sei direito o que é, mas que com certeza irei encontrar.

Ai de mim se não fossem as minhas insatisfações e nós na garganta. Ai de mim se não existissem noites mal dormidas, angústias e sonhos. Uma vida hermeticamente perfeita não me traria os desafios que preciso para evoluir, para crescer. Para me tornar o que eu sempre sonhei em ser.

Quanto à felicidade, essa que não me ensinaram a buscar e me tornaram por missão encontrar, avisa que posso demorar um pouco, mas vou chegar. Pede já pra esperar com a mesa posta e algo pra beber. Estou indo com fome e sede ao pote. Quero me fartar de tudo que ela possa me oferecer. Você, se estiver disposto a longas jornadas, pode até me acompanhar. Se não, a gente se vê quando eu chegar. " (Matheus Rocha)
"Dentro de cada escolha cabe uma renuncia. 
Dei para contar quantas coisas boas perdi pelo caminho ao me prender onde não era meu lugar, insistir nos mesmos erros, ficar ao lado de pessoas que não foram feitas para se encaixar na minha vida.
E a gente sabe, a gente sempre sabe o que é e o que não é para ser. 
Mas permanecemos estáticos onde não somos mais felizes por medo do desconhecido.
O tempo passa, a vida muda, as pessoas se transformam.
Na maturidade tenho aprendido que meu tempo é ouro, e só o divido com quem estiver na mesma vibração, na mesma sintonia, dividindo os mesmos sonhos reais.
Descobri que o desconhecido pode ser algo maravilhoso se nos permitir-mos.
Não tenho tempo para ilusões, meu saldo se esgotou por dez vidas!
Quero a verdade, a realidade, os pés no chão.
Quero sentir que estou no caminho certo.
E se os dias não me apontarem nessa direção, mudo a rota, sem medo.
E até que pegue o atalho certo, o meu nome é recomeço..."

16 de novembro de 2013

Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não nós contaram que amor não é acionado nem chega com hora marcada.
Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um", duas pessoas pensando igual, agindo igual, que isso era que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.
Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.
Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, nem contaram que ninguém vai contar. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz se apaixonar por alguém. (Martha Medeiros)

10 de novembro de 2013

Só nos tornamos verdadeiramente adultos quando perdemos o medo de errar. Não somos apenas a soma das nossas escolhas, mas também das nossas renúncias. Crescer é tomar decisões e, depois, conviver pacificamente com a dúvida. Adolescentes prorrogam suas escolhas porque querem ter certeza absoluta – errar lhes parece a morte. Adultos sabem que nunca terão certeza absoluta de nada, e sabem também que só a morte física é definitiva. Já “morreram” diante de fracassos e frustrações, e voltaram pra vida. Ao entender que é normal morrer várias vezes numa única existência, perdemos o medo – e finalmente crescemos.
Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da alegria. Tomara que apesar dos apesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz!"
Caio F Abreu

3 de novembro de 2013


Eu apenas observo, as pessoas fingindo ser quem não são, inventando mais mentiras e cada vez mais se afundando num poço sem fundo. Algumas precisam sempre estar por cima, e deixam um rastro de destruição e falsidade por onde passam. A necessidade de humilhar é maior do que a vontade de ser alguém melhor. Enquanto eu as observo, aprendo seus pontos fracos. Aprendo que ninguém é tão forte quanto aparenta, aprendo que um sorriso nem sempre representa felicidade, aprendo a lidar com elas. E no final vou saber separar quem é de verdade de quem não passa de uma máquina produzida pela sociedade moderna. 

— Guilherme Viana