4 de abril de 2018

A idade de ser feliz - Mario Quintana


Existe somente uma idade para a gente ser feliz,somente uma época da vida
de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO,de NOVO e de
NOVO, e quantas vezes for preciso.

Esta idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa.

18 de dezembro de 2017

Livro Aprendendo a Viver - Clarice Lispector

"Sou uma feroz entre os ferozes seres humanos – nós, os macacos de nós mesmos, nós, os macacos que idealizaram tornarem-se homens, e esta é também a nossa grandeza. Nunca atingiremos em nós o ser humano: a busca e o esforço serão permanentes. E quem atinge o quase impossível estágio de Ser Humano, é justo que seja santificado. Porque desistir de nossa animalidade é um sacrifício."
Clarice Lispector

24 de agosto de 2017

"Se há muito o que inventar por estes lados
O que sei com certeza são meus fados
Exigindo verdades e punindo
Os líricos enganos da beleza.
À procura da rosa tenho andado Causando às criaturas estranheza. (Se me encontrares Terei um jeito de flor E um não sei quê de brisa Nos meus ares. Hei de buscar a rosa — A dos altares — E sinto graça nos pés Leveza nos andares)." - Hilda Hilst

23 de agosto de 2017

Anne de Green Gables

"Agora, há uma curva na estrada. Eu não sei o que há depois dessa curva, mas queria acreditar que haverá o melhor, sabe?
Aquela curva tem um fascínio próprio, Marília.
Eu me pergunto como será a estrada depois dela..."

26 de julho de 2017

"Carrega-me contigo, Pássaro-Poesia
Quando cruzares o Amanhã, a luz, o impossível Porque de barro e palha tem sido esta viagem Que faço a sós comigo.
Isenta de traçado Ou de complicada geografia, sem nenhuma bagagem Hei de levar apenas a vertigem e a fé: Para teu corpo de luz, dois fardos breves.
Deixarei palavras e cantigas. E movediças Embaçadas vias de Ilusão. Não cantei cotidianos.
Só te cantei a ti Pássaro-Poesia
E a paisagem-limite: o fosso, o extremo A convulsão do Homem.
Carrega-me contigo. No Amanhã."
Hilda Hilst

15 de junho de 2017

"O que existe de fato para celebrar nesse dia especial? Nada demais, exceto a sensação de ter cumprido alguma coisa que sentimos necessidade de cumprir, uma impressão que conferimos a esse dia ao acaso, mais que a qualquer outro: a sensação de fechar um capítulo e abrir outro, talvez completamente diferente do anterior; a sensação de virar a página de velhos problemas e preocupações, coisas que já são parte do passado, consolidadas demais para se mexer nelas agora, melhor enterrá-las ou esquecê-las; e também um sentimento de começar um novo tempo diferente do que passou – um futuro ainda tenro, flexível, dócil e obediente à nossa vontade, um tempo no qual nada ainda se perdeu e tudo ainda está por conquistar. Quem sabe um tempo imune aos problemas que já enfrentamos e às preocupações pelas quais já passamos. Em suma, é o começo de “algo completamente diferente” 

23 de maio de 2017

"Sou amanhecer, sou Fênix, renasço das cinzas. 
Sei quando tenho que morrer, sei que sempre irei renascer"

25 de abril de 2017

Desilusão

Desiludido com o mundo, Afrânio concluiu: “ uns são filhos da puta, outros só não o são porque a mãe é estéril ”

Decidido ao suicídio, no alto da falésia hesitou: “ no mar não me lanço que é demasiada sepultura. Como receberei flores entre tanto peixe faminto? ”

Ante a fogueira, Afrânio desfez as contas: “ Na labareda, não. Como me distinguiria, depois, entre a cinza da lenha ardida? ”

Quando na alta copa se pensou pendurar, uma vez mais ele se avaliou. E recordou o vizinho Salomão que, de enforcado, se converteu em fruto, seiva correndo na veia, polpa viva a seduzir a passarada.

Afrânio regressou a casa, resfregou as solas sobre os tapetes, a esposa festejou o novo alento. "Engano seu, mulher , respondeu Afrânio. Eu apenas escolhi outro suicídio. A minha morte é este viver"

15 de abril de 2017

KAFKA À BEIRA-MAR - HARUKI MURAKAMI

Em certas ocasiões, o destino se assemelha a uma pequena tempestade de areia, cujo curso sempre se altera. Você procura fugir dela e orienta seus passos noutra direção. Mas então, a tempestade também muda de direção e o segue. Você muda mais uma vez o seu rumo. A tempestade faz o mesmo e o acompanha. As mudanças se repetem muitas e muitas vezes, como num balé macabro que se dança com a deusa da morte antes do alvorecer. Isso acontece porque a tempestade não é algo independente, vindo de um local distante. A tempestade é você mesmo. Algo que existe em seu íntimo. Portanto, o único recurso que lhe resta é se conformar e corajosamente pôr um pé dentro dela, tapar olhos e ouvidos com firmeza a fim de evitar que se encham de areia e atravessá-la passo a passo até emergir do outro lado. É muito provável que lá dentro não haja sol, nem lua, nem norte e, em determinados momentos, nem hora certa. O que há são apenas grãos de areia finos e brancos como osso moído dançando vertiginosamente no espaço. Imagine uma tempestade de areia desse jeito.
KAFKA À BEIRA-MAR - HARUKI MURAKAMI