26 de julho de 2017

"Carrega-me contigo, Pássaro-Poesia
Quando cruzares o Amanhã, a luz, o impossível Porque de barro e palha tem sido esta viagem Que faço a sós comigo.
Isenta de traçado Ou de complicada geografia, sem nenhuma bagagem Hei de levar apenas a vertigem e a fé: Para teu corpo de luz, dois fardos breves.
Deixarei palavras e cantigas. E movediças Embaçadas vias de Ilusão. Não cantei cotidianos.
Só te cantei a ti Pássaro-Poesia
E a paisagem-limite: o fosso, o extremo A convulsão do Homem.
Carrega-me contigo. No Amanhã."
Hilda Hilst