29 de março de 2017

Zygmunt Bauman - AMOR LÍQUIDO - Sobre a fragilidade dos laços humanos

"E assim é numa cultura consumista como a nossa, que favorece o produto pronto para uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exijam esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução do dinheiro. A promessa de aprender a arte de amar é a oferta (falsa, enganosa, mas que se deseja ardentemente que seja verdadeira) de construir a “experiência amorosa” à semelhança de outras mercadorias, que fascinam e seduzem exibindo todas essas características e prometem desejo sem ansiedade, esforço sem suor e resultados sem esforço. Sem humildade e coragem não há amor. Essas duas qualidades são exigidas, em escalas enormes e contínuas, quando se ingressa numa terra inexplorada e não-mapeada. E é a esse território que o amor conduz ao se instalar entre dois ou mais seres humanos"

Zygmunt Bauman - AMOR LÍQUIDO - Sobre a fragilidade dos laços humanos

28 de março de 2017

26 de março de 2017

Ninguém perde por dar amor.



Rita Lee diz em sua música Ovelha Negra:
“Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra
E água fresca
Meu Deus!
Quanto tempo eu passei
Sem saber!
Uh! Uh!....”

Quando num belo dia despretensioso, tudo mudou, aqueles dias de frios e solidão estavam com os minutos contados, e que bela surpresa foi.
Tudo inusitado, inesperado, surpreendente
Dizem que nada acontece por acaso em nossas vidas. Eu acredito.
Mas será que existe encontro de almas? De afinidades? De compatibilidade? Isso eu não sei. Talvez. Ou será que é só clichê? Ainda não descobri.

No entanto, tinha chegado finalmente a tão sonhada paz, o aconchego, o afeto a abundância de carinho e a tão esperada reciprocidade.
Aquela sensação de ter encontrado alguém que nunca abandonaria o barco no primeiro vendaval.
Que não desistiria na primeira crise, que pegasse na sua mão e dissesse, _ apesar de tudo, Vamos!
Que aceitasse seus dias de sol e também seus dias de chuva.
Que usasse o mesmo regador que você para cultivar o jardim dos afetos.

Mas....
Descobri que a vida é feita de GRANDES AMORES PASSAGEIROS, de feridas que abrem e fecham, de aprendizado, de evolução, de pouco tempo, de muitas palavras, de poucas atitudes, de muita ansiedade, de pouca paciência, de “muito eu quero” e de pouco “eu faço”.
É cheia de gente que quer amar, mas não sabe receber
E cheia de gente que quer receber amor, mas não sabe dar

É cheia de venenos como orgulho, egocentrismo, covardia, imaturidade, soberba, arrogância, magoas, traumas, dureza, rispidez, inflexibilidade e tantos outros que minam nossa sobrevivência diária.

É cheia de escolas, como as lagrimas, como o arrependimento, como a solidão e muitas outras que nos formam no decorrer da nossa jornada.

Mas também aprendi que O AMOR VERDADEIRO é despretensioso e sublime. Ele nada pede em troca. Apenas deseja que o outro seja feliz.

O restante, bom, o restante são sentimentos egoístas, afetos rasos, paixões passageiras, carência, pequenos enganos que por vezes nos cegam.

O aprendizado que fica é que nem sempre todos estão aptos a receber amor, alguns nem mesmo chegaram a conhece-lo. E quão triste isso é.
Alguém um dia citou: “Em um mundo de pessoas rasas mergulhar de cabeça é perigoso”
A frase tem muito sentido.
Porem, fico com a que diz "Ninguém perde por dar amor. Perde é quem não sabe receber."
E finalizando ainda com Rita Lee

"Baby Baby
Não adianta chamar
Quando alguém está perdido
Procurando se encontrar
Baby Baby
Não vale a pena esperar
Oh! Não!
Tire isso da cabeça
Ponha o resto no lugar
Ah! Ah! Ah! Ah!
Tchu! Tchu! Tchu! Tchu!
Não!"

Por Rose Fernandes

Quer saber se o outro te ama?

Se você quiser saber se o outro te ama de verdade, é só identificar se ele seria capaz de tolerar a sua inutilidade. Quer saber se você ama alguém? Pergunte a si mesmo. Quem nessa vida já pode ficar inútil pra você, sem que você sinta o desejo de joga-lo fora? É assim que nós descobrimos o significado do amor. Só o amor nos dá condições de cuidar do outro até o fim. Por isso eu digo: Feliz aquele que tem ao final da vida a graça de ser olhado nos olhos e ouvir a fala que diz: Você não serve pra nada, mas eu não sei viver sem você!!”

Padre Fábio de Melo

16 de março de 2017



Não se torne aquilo que te feriu
(Marcel Camargo)

A vida nos dá rasteiras memoráveis, as pessoas nos decepcionam dolorosamente, enquanto nos deparamos com os inumeráveis nãos ao longo de nossa jornada. A dor fortalece e a tristeza nos serve como lição de como se levantar, seguindo sempre em frente. É preciso, pois, tornar-se mais gente a cada queda, a cada lágrima, caminhando na direção contrária de tudo o que nos feriu.

Infelizmente, porém, há quem se mantenha impassível, incapaz de mudar, teimando em manter-se imutável, lutando contra as lições que devemos colher diariamente, por conta da semeadura equivocada que operamos lá atrás. E resistir à mudança, a novos rumos, ao oxigenar de idéias, ao repensar o que acumulamos, de forma reflexiva, acaba por nos endurecer, tornando-nos insensíveis, tornando-nos o espelho de tudo e de todos que nos machucaram.

Tudo o que dá errado e todos que nos roubam devem sempre nos servir como exemplos do que devemos evitar, repudiar, distanciar, fugindo àquilo tudo, na direção oposta. Quanto mais teimarmos em seguir adiante com as causas de nossos desencontros, mais nos vamos assemelhando a elas. A força esmagadora das tempestades que enfrentamos jamais deverá ser mais forte do que a doçura da sensibilidade que guia e alimenta a nossa essência.

Se nos dão as costas, continuemos olhando nos olhos. Se nos oferecem o vazio, continuemos distribuindo imensidão. Se nos ferirem com palavras, continuemos elogiando quem merece. Se nos apresentarem máscaras, continuemos sendo quem somos, pois ninguém destrói e retira aqui de dentro os nossos sonhos mais verdadeiros, a nossa capacidade de amar com sinceridade e transparência.

É preciso coragem absurda para nos mantermos convictos quanto a tudo o que podemos fazer, doar, alcançar, pois a todo momento iremos ser testados, questionados, feridos e derrubados pela pequenez das misérias alheias. 

Entretanto, caso consigamos nos reerguer com força e dignidade após os embates das noites demoradas de nosso caminhar, estaremos cada vez mais prontos para desfrutar do amor que tivermos semeado, porque não deixamos de acreditar em nós mesmos.